terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Nick – O ser humano por trás da câmera

O que há de errado
em querer provocar a luxúria
para ser amada?

Uma aura tão pesada
para este corpo bem rotulado.
Não era a resposta para nenhuma pergunta.
Apenas um meio antiartístico
de fazer com que essa beleza
harmoniosa, equilibrada, proporcional
impregnada na minha superfície
causasse os maiores dos mal-estares.

Engula isso e morra, neoclassicismo!

Rindo das certezas vendidas
e das verdades alugadas.
Um tédio de vencer sempre
no mesmo jogo programado.

Sério, essa é sua melhor definição de amor?
Uma mulher que só de ver te dá tesão?

Ao encarar o abismo,
feito por multidões da mesma máscara,
o abismo não pôde me encarar.
Para o próprio horror, o reflexo
que ninguém queria enxergar.
Homens e mulheres, narcisos,
morriam a cada flash
de uma câmera obscura,
caixa preta.

Eu fui a fotógrafa o tempo todo
dessa tragédia anacrônica, atemporal
líquida.

Eu que quis provocar tantos pecados.
Fingindo uma inocência que nunca tive.
Meu vestido branco
dissolvido por uma chuva transparente.
Não estava escrito isso na previsão do tempo.

Oh, céus, me traga um guarda-chuva!

Deus nada fez e eu me molhava!
E você não apenas me olhava!

Droga, destrua essa imagem logo.
Cadê o inferno quando precisamos do fogo?
Não quero ser lembrada assim.
Fraca, nua, desprotegida, sua.


Quarta, 22 de novembro de 2017, às 00:18

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