quarta-feira, 5 de julho de 2017

Senhorita Sumida


Bom para ler ouvindo: Vanessa Rangel - Palpite
https://www.youtube.com/watch?v=7Gw-75_J4zc 

- Nem fala mais cmg...

Essa foi a melhor tentativa dele de quebrar o gelo, sem perder a pose clássica de inverno. Tão mais interessante dizer “tô com saudades de você debaixo do meu cobertor”. Tá, exagerei para caramba. É que desde adolescente gosto de cantar “Palpite”, da Vanessa Rangel. Nem poderia imaginar o presságio na pele do que eu cantava só para tentar arrancar fácil uma nota 100 no karaokê com cara de leãozinho na tela. Enfim, só quero ilustrar que cantar “saudades” é musical, poético, bonito. Não essa porcaria de “nem fala mais cmg”.

Nunca gostei de homem sem coragem, que não sabe assumir os riscos das próprias vontades, que joga isca, querendo ser pescado. Ou vai, ou fica, não sou simpática a meio termos, meias intenções. De meias, já bastam as violetas com listras brancas que estão nos meus pés, esquentando o caminho e a caminhada.

- Jesus, que frio tá fazendo...

Por favor, não! Vá para o inferno também com sua conversa fiada sobre o tempo, como se isso fosse a novidade mais interessante para se contar entre dois velhos desconhecidos. Se pensa em mim e ainda me procura no improvável, no sabor do desconhecido e/ou no gosto agridoce de alguma lembrança, seja sincero e por inteiro nessa busca que você inventou para si mesmo.

Enquanto você continua a representar os mesmos clichês de cena, o fogo intenso e infinito enquanto eterno que tenho para amar cada vez mais e mais ganha forma e conteúdo no espírito livre do meu corpo apresentado ao mundo em linhas, entrelinhas e emaranhados. O mais lindo e desejado sonho para o sonhador que pouco a pouco se queima, transformando em cinzas seu precioso ego. Para quê? Para nada.

- Conversasse comigo antes e estaríamos trocando algumas palavras tranquilamente.

Depois de tantas poesias que não escrevi por falta de palavras, lá se vai mais um rascunho de projeto de romance, morto antes de sequer ser concebido e provado, expresso por uma besta lagriminha virtual do incauto. Tirando os avisos habituais: “O inverno está chegando”, nem esquento. Quando se aprecia o espetáculo da primavera, o encanto da última temporada é sempre uma primeira vez. Permanência, chegaremos lá logo, logo. ^^

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