domingo, 30 de maio de 2010

Iconoclasta

Quem é Chris? Vamos conhecer essa personalidade. Ela é uma pessoa delicada, sensível. Todas essas características emanam do seu corpo de forma natural, a começar pela face. Traços finos e delicados, o seu rosto transmitia a figura de uma ninfa esculpida a partir do retrato pintado, minuciosamente, por Botticelli. De um escuro forte são os seus olhos bem vivos. Escondia profundos mistérios que nem a alma poderia enxergar.

O corpo que desfilou por semanas nas fashion weeks mundiais. Estampa para várias revistas, jornais, sites, blogs e afins que se propõe lançar modismos e estar na moda.

Com carreira consolidada, a modelo saiu antes que sua imagem decaísse. Porém, deixou jornalistas, palpiteiros, especialistas, acadêmicos, pesquisadores e toda a massa que está envolvida diretamente e indiretamente com a mídia informacional de queixos caídos. Chris havia lançado o seu livro: Vendo moda.

O título por si só já causava comentários diversos. Aliada à famosidade por trás desse trabalho, o livro era o frisson já na estreia de seu lançamento. Todos queriam adquirir o produto, mesmo sem saber direito do que se tratava. Os comentários e a publicidade em cima do escrito eram super positivas, rasgando cedas de elogio.

A obra escrita pela top ficou por semanas no topo das listas de livros mais vendidos, traduzido em mais de oitenta idiomas. Sucesso de vendas que não ficou preso naquele ano temporal somente: fora reeditado várias e várias vezes.

Durante todo o livro, os capítulos são recheados com declarações, impressões, digressões, ações reflexivas e emotivas da estrela das passarelas sobre sua fase de vida que transitava no fashion world. Viver conectou-se, assim, simbioticamente, com uma vida global.

No capítulo final, a seguinte revelação: “O sonho consistiu em ser a modelo das passarelas. O pensamento onírico provinha de um corpo, biologicamente, sendo ele, mesmo sendo o meu”.

A dúvida que não quer calar: Quem é Chris? Jornalistas, palpiteiros, especialistas, acadêmicos e pesquisadores estão à procura da solução deste caso para oferecer respostas conclusivas. Pode ser tudo ou não ser nada. Uma mulher, um homem ou uma transexual envolvida. O que será? Possíveis relações de alguém, com quem e entre quem. Qual é o objeto de estudo?

Diante todos os fatos, Chris se tornou imortal.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Palavra que sai em boa hora

Atitudes valem mais do que palavras. Essa sabedoria popular a gente costuma se deparar por aí, numa conversa entre amigos e, também, em alguns comerciais. Veja a fórmula mágica: atitude = comprar. Este é um palpite que pode ser dito em várias situações só por dizer.

Vamos pegar um exemplo comum: uma data especial, dia das mães. Você até quer escrever um monte de palavras que expressem todo o sentimento de carinho e amor pela sua genitora. Quer demonstrar o Drummond interior que está em alguma parte, lá no fundo da mente.

Contudo, na hora H, faz uma reflexão. Vê a mamãe. Percebe que ela está querendo é uma televisão de plasma. A cartinha que seria feita à mão, dá lugar a um monte de parcelas no cartão de crédito.

Por que isso vai ser feito? É necessário ficar endividado? Essas perguntas saem de si para você mesmo. Aí, neste momento, parece meio paradoxal, como que para representar algo vindo do além, uma voz aparece e diz com um ar todo resoluto: “O presente é que mostra o grau de consideração por sua mãe. O presente fica. As palavras vão embora. Fica a dica”.

Mudando um pouco o foco. Um outro caso. Briga física idiota: o mais forte é o material que vai ter maior resistência a socos, chutes e afins. O valor estipulado de mais valia, rezando a ladainha de que atitudes valem mais do que palavras, pode-se inverter. As palavras ditas, em péssima forma, podem transferir um peso na memória de quem as recebe, que academia de ginástica não tira. São mais cortantes que a lâmina ao dilacerar uma carne para churrasco. E agora, Josefina?

Depois de tanto escutar um só lado, quase que um monólogo, o outro responde:

Ora, ora, deixemos essas questões filosóficas para uma outra hora. Daqui a pouco vou ver o meu namorado. Ouvir palavras amáveis e sinceras são atitudes super válidas. Embora isso saia do meu amado, espero, também, que ele se lembre de me dar um presente, porque hoje é nosso aniversário de namoro...

segunda-feira, 24 de maio de 2010

O fogo que não é de videogame

Via aquelas imagens. O espectro era a fusão de uma irrealidade real. E aqui estamos nós, novamente, patrocinando mais um espetáculo para os telespectadores massivos. Depois desta apresentação, é dispensável que você, que está me assistindo nesta mensagem, me considere um fantasma.

E é, por isso, que presencio a consciência daquela simplória garota. Tudo começou em um sonho. Ela visualizava os próprios devaneios e projetava na vida real. Adivinha o que ela assistia? Um monte de clássicos… da Disney. Então, a pequena donzela ficava inventando de ser boazinha com todo mundo.

Ir na igreja aos domingos, ajudar os velhinhos a atravessar a rua, fazer pequenas caridades. Ficava em falta era de resgatar gato sem noção de árvore. Só que, além dela ter alergia a Garfields, escalar vegetais de grande porte soa meio fora do padrão como esporte para garotas. Como o pessoal diz mesmo? Ah, é, trepar em árvore. É assim que é a voz do povo. Voz de? Sem comentários com essa comparação infame.

Pois bem. Os seres vivos passam por um processo de maturação. Ela passou a ver também conteúdos do tipo Malhação, coisa que nunca morre pelo jeito. E um dia o episódio foi muito bacana, quero dizer, estranho. Esquisito para o padrão comum, porque aquilo estava filosófico demais para um público destinado para jovens (ou não) que no fundo dos seus corações, realmente, buscam uma distração da vida real regada a hormônios excitantes. Ser bonito, ter dinheiro e ter alguém para formar o par perfeito não é tudo que alguém precisa para ser feliz? O episódio do dia fez Estéfani pensar que não.

A garota entendeu que, de alguma maneira, já consumia aqueles produtos, mas, não os tinha internamente. Beleza fulgurante, padrão de vida de acordo o figurinho vigente e namorado figurante. Com essa caracterização das relações, até as artes plásticas mandava um alô para a moça.

O namoro artificial acabou. Mas, Estéfani não abdicou dos costumes consumistas, pois, assim, como ela iria comprar o novo cd do Paramore? Ah, ela também manteve os cuidados com a aparência estética. Nem precisa ser muito inteligente para deduzir isso. Tente ir com um visual punk para ver se consegue, facilmente, emprego. Numa balada, em qual tipo de pessoa você quer chegar: na feia ou na gostosa?

Alguns meses se passaram, mesmo sendo a patty, um pouco de realidade nunca faz mal. Ela transcendeu os valores de mundo adquiridos. De tão iluminados os pensamentos dela, Estéfani viajou que era a nova Buda dos novos tempos. Previu os trocadilhos tão corriqueiros da língua portuguesa e, ideologicamente, articulados com as paixões nacionais. Futebol ela gosta quando é copa do mundo, porque no Brasil, tirando o Kaká, o resto é muito feio. Carnaval, se for por causa das mulheres peladas, ela tá fora, a praia dela é outra, e o Sapucaí pouco se importa. Cerveja não, porque engorda.

Afinal, alguém deve estar se perguntando: qual foi o aprendizado da montanha de Estéfani? O amor é mais fácil para quem é menos. No patamar que ela chegou, eu digo que é fogo chegar a pensar assim, apesar das chamas gerarem luz. Correspondência plena ocorre entre semelhantes para não ter desigualdades. O diferente costuma gerar indiferença.

Quem chegou até esse ponto da leitura, nada de exclamações do tipo “Caramba, não se fazem mais morais conservadoras como antigamente”. Velhos tempos eram aqueles…

sábado, 15 de maio de 2010

Volta e meia, reviravoltas

Conclusão feliz. Uma felicidade advinda de um truque de mágicas em que o julgamento se torna a verdade.

Mas, sabe qual é a ilusão que vou recriar hoje? Não se trata daquela em que todo jovem é cheio de vida e tem um futuro pela frente. Ele pouco se importava em fazer investimentos que deixassem a vida eterna garantida.

Nosso guerreiro precisava de poucas coisas para enfrentar a lida que, para tantos homens, é dura e dolorosa. Galopava em possantes carros de 18 cavalos de potência. Cartão de crédito e adquiria as virtudes admiradas por belas donzelas que brigavam entre elas para ganhar o coração de ouro do jovem rapaz. Bando de vendidas.

Pouco valia o coração de Artur, porque ele creditava a própria ignorância em um valor fora do mercado. Previa o tédio antecipado: o presente como um prolongamento do futuro. Sabia que o jogo para o príncipe já tinha os meios traçados. As finalidades.

Conquistar ainda mais. Ele questionou essa meta. Chateado pela realidade lidada, inverteu a ordem da lógica considerada a correta. Ofereceu a busca da vitória para os conquistados. E mesmo assim, continuaram derrotados.

Fé já esmaecida, a luz reacendeu em Ariana, uma moça que nunca se submeteu a Artur. Ele compreendeu a amplitude e a singularidade da força dentro dela. Sem fim.

Deste momento em diante, o jovem se formou homem. A vida que não tinha, nasceu. Enfim, cultivou-se sementes de princípios e inícios.

Veio um, depois o outro. Muitos anos se passaram. Artur e Ariana alcançaram o céu. Lugar de poucos anjos. Será que isso tem haver com o amor?

Deixo em aberto as infinitas possibilidades de respostas para uma combinação de conclusão feliz. Só que entenda: ainda estamos em curso.

sábado, 8 de maio de 2010

Vamo' nessa!


Foi o pedido feito
Do dito veio isto
Um clichê de poeta?
Definição infinita

Oras, que patético
Porque é muito pouco
Esta simples rima
Por normas de poema
Falar o que se é no que sou
Limitando o além do verso
No sonho do milênio que passou
Essa lavra do poético
O que o tempo não é
Quando eu realmente sou
As palavras não alcançam
Nas fotos e nos fatos
Captura vã
Os fragmentos que fomos
E não somos mais
Que bela criação
A amizade construiu
Você nunca se viu
E eu não sei o que sou em seu olhos
Qual reflexo pareço nestes espelhos
É pura interpretação do meio
Começo com qual fim
Não dê importância
Se o futuro carregar mais um pouco
Do que você não sabe, amigo
Vá nessa
Comigo

Vamo’ nessa!

domingo, 2 de maio de 2010

Yes, Tio Sam!

América
O lugar onde todos estão
Os sonhos estão presos em sacolas plásticas

Acreditei tanto nas suas ilusões, Tio Sam!
Pensei que fosse de verdade
O meu amor

Propriedade e liberdade privada limpadas por latinos
Soluções individuais nas mãos do herói
Na mão, popcorn e outros produtos pop

A promoção da guerra faz parte dos negócios do império
O outdoor está dentro de nossas televisões (d)e plasma
Consuma, porque sem dinheiro você é quem?

Olhe, o Dr. Hollywood está trabalhando!
Mais alguns pontos na constante ferida
E vai ficar tudo bem

Deus salve a América!